Tesouro Direto: a 5,71% ao ano, taxa de título público de inflação bate recorde; juros de todos os papéis sobem

Agentes financeiros estão atentos aos números consolidados da inflação oficial divulgados nesta terça-feira (11). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 10,06% no ano passado, na maior taxa acumulada em um ano desde 2015.

O percentual extrapolou e muito a meta de 3,75% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em que o teto era de 5,25%. Com isso, o Banco Central deve divulgar em seguida carta explicando os motivos do estouro.

Já a inflação em dezembro variou positivamente 0,73% frente novembro. Ambos os indicadores vieram acima do esperado pelo mercado, que aguardava um avanço mensal de 0,65% e de 9,97% na variação anual.

Enquanto isso, no radar externo, investidores monitoram declarações de dirigentes do Federal Reserve, que é o banco central americano, e que podem levar a novas altas nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Nesse contexto, o mercado de títulos públicos opera com alta nas taxas na manhã desta terça-feira (11). Alguns papéis chegam a subir até 9 pontos-base (0,09 ponto percentual), como é o caso do Tesouro Prefixado 2024, que oferece juros de 11,78% na primeira atualização do dia.

No mesmo horário, o papel prefixado com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais oferecia um retorno de 11,45% ao ano, contra 11,43% ao ano registrados ontem.

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Entre os papéis atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2055 e juros semestrais oferecia uma remuneração real de 5,71% ao ano, percentual superior aos 5,65%, vistos na sessão anterior.

Com isso, a taxa paga pelo Tesouro IPCA + 2055 ultrapassou o patamar recorde oferecido por esse título, que até então era de 5,68% ao ano e que tinha sido alcançado em 29 de outubro de 2021. Esse papel começou a ser negociado em fevereiro de 2020.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta terça-feira (11): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA

Na agenda econômica local, investidores repercutem os dados da inflação oficial no acumulado de 2021. Segundo o IBGE, o resultado do ano passado foi influenciado principalmente pelo grupo transportes, que apresentou a maior variação (21,03%) e o maior impacto (4,19 p.p.) no acumulado do ano.

“O grupo dos transportes foi afetado principalmente pelos combustíveis”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. “Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar”, complementou.

Em seguida, veio o segmento de habitação (13,05%), que contribuiu com 2,05 p.p., e alimentação e bebidas (7,94%), com impacto de 1,68 p.p. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021.

Já na passagem de novembro para dezembro, o maior impacto veio do grupo alimentação e bebidas, que subiu 0,84% no mês. Kislanov destaca as altas nos preços do café moído (8,24%), das frutas (8,60%) e das carnes, que subiram 1,38% em dezembro após uma queda de 1,38% em novembro.

Além da alta acima do esperado para o resultado mensal da inflação oficial, economistas apontaram que houve piora no percentual de itens com aumentos de preços entre novembro e dezembro de 2021, o que mostra que a inflação foi mais disseminada no último mês do ano.

Na ocasião, o índice de difusão do IPCA avançou de 63% em novembro para 75% em dezembro.

Reformas, Refis e reajustes

Em entrevista ontem (10) à rádio Jovem Pan, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que algumas reformas econômicas que tramitam no Congresso Nacional não devem avançar em 2022 por causa das eleições.

“A gente gostaria que a reforma administrativa avançasse, por exemplo, mas eu tenho sete mandatos de deputado federal e nesses anos onde existem as eleições para presidente, para senadores, para deputados também são anos difíceis, não tem negociação”, afirmou o presidente citando a reforma administrativa, que foi enviada ao Congresso em setembro de 2020.

Também na agenda política, o governo deve avalizar a prorrogação até abril para adesão ao Simples como solução temporária enquanto o Congresso não derruba o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Refis (parcelamento de débitos tributários) de micro e pequenas empresas.

Ontem, o governo consultou lideranças empresariais e do Congresso sobre o prazo ser suficiente para negociar uma solução para o impasse criado com o veto.

Segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro está sendo aconselhado por Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho, e por Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, a dar sinal verde ao uso de R$ 3 bilhões do FGTS para um fundo garantidor de empréstimos aos Microempreendedores Individuais (MEIs).

Outro tema que segue no radar dos agentes financeiros está ligado aos reajustes salariais. Em entrevista à Folha de S.Paulo e ao Estado de S.Paulo, Dovercino Neto, presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (Fenaprf), disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) trairá novamente a categoria, caso recue e não dê o reajuste aos policiais.

A declaração foi feita após Bolsonaro ter afirmado no fim de semana que “não está garantido reajuste para ninguém”.

Internacional

Na cena externa, o foco segue em falas de autoridades do Federal Reserve (Fed), que é o banco central americano, e no avanço da variante ômicron ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos, índices futuros americanos registram leve movimento de alta no início desta terça-feira. O grande destaque do dia está na declaração de Jerome Powell, presidente do Fed, que participa de audiência de nomeação para o novo mandato.

O discurso de Powell foi antecipado por meio de nota. No documento, o presidente do Fed destaca que a autoridade monetária usará todas as “ferramentas para apoiar a economia e um mercado de trabalho forte e evitar que uma inflação mais alta se instale”.

A expectativa é de que o discurso traga sinais sobre o ritmo de elevação dos juros pelo banco central americano. Os investidores também seguem na expectativa pelos dados de inflação ao consumidor dos EUA a serem divulgados amanhã (12).

Também na cena externa, os preços do petróleo avançam em meio a preocupações quanto à demanda por causa da elevação de casos de Covid-19. Outro fator que pressiona as cotações é o aumento da tensão na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Há temores de que uma potencial instabilidade prejudique a oferta russa.

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Fonte: FONTE INFOMONEY

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