Governo Lula demite secretário de Silvio Almeida acusado de assédio moral
JOÃO GABRIEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O Ministério dos Direitos Humanos exonerou nesta quinta-feira (19) o secretário da Criança e do Adolescente, Cláudio Augusto Vieira da Silva, que é acusado de assédio moral.
A reportagem procurou Vieira da Silva por telefone, mas não conseguiu contato. Ele foi nomeado para o cargo em maio de 2023 pelo então ministro Silvio Almeida, demitido pelo presidente Lula (PT) em razão das suspeitas de assédio moral e sexual, inclusive contra a colega Anielle Franco (Igualdade Racial).
O agora ex-secretário havia chegado ao governo no lugar de Ariel de Castro, exonerado por Almeida naquele mês. Castro alega que foi exonerado por desentendimentos com o então ministro, que não teria gostado da proximidade dele com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja.
No último dia 9, o ministério recebeu uma denúncia anônima de 14 condutas de assédio moral por parte de Cláudio Augusto Vieira da Silva. Os relatos das vítimas foram revelados pelo jornal Brasil de Fato.
Esta foi a segunda denúncia interna que o ministério recebeu de supostos atos de assédio cometido por ele. Na primeira vez, ainda na gestão Silvio Almeida, o caso acabou arquivado por falta de provas.
Diante da nova denúncia, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, decidiu reabrir as investigações sobre o caso e, nesta quinta, o exonerou.
A denúncia anônima afirma que Silva cometeu 14 das 34 condutas de assédio moral apresentadas no Guia Lilás -diretriz do governo federal sobre prevenção a esse tipo de situação.
“O presente documento apresenta algumas situações identificadas como práticas de extrema gravidade que vêm ocorrendo de maneira sistematizada no âmbito da Secretaria Nacional da Criança e do Adolescente”, diz o texto.
A denúncia afirma que se baseia em relato das vítimas, registros internos e mensagens trocadas com o secretário, mas que não há vídeos que tenham registros das situações.
Os supostos casos envolvem diversos funcionários do ministério, em sua maioria subordinados a ele e, muitas vezes, os assédios aconteceram contra mulheres, segundo o documento.
Há episódios de ameaça de demissão, impedimento de mulheres se pronunciarem em reuniões, tratamento com menosprezo ou gestos de desprezo e críticas quanto à vida privada de servidores.
Vieira da Silva, segundo a denúncia, já criticou e fez piadas sobre gravidez no trabalho e se apropriou de ideias de mulheres subordinadas a ele sem creditá-las.
O documento afirma ainda que, além de privilegiar alguns de seus funcionários, ele atuaria para segregar, constranger, desmerecer e exercer um controle excessivo contra quem ele assediava. Há relatos de desqualificação de profissionais e cobrança vexatória, exagerada, desproporcional ou agressiva.
“Tais ações têm sido tratadas como ‘brincadeiras’ e ‘modo de gestão’. Neste sentido, é importante afirmar que não se tratam nem de brincadeiras e nem de estilo de gestão, mas sim de práticas de assédio moral no ambiente de trabalho”, diz a denúncia.
Fonte: Últimas Notícias – Jornal de Brasília