Médico responsável por tratamento inovador contra depressão resistente concede entrevista para Antonia Fontenelle

Médico responsável por tratamento inovador contra depressão resistente concede entrevista para Antonia Fontenelle

Na última edição do programa “Na Lata” com Antônia Fontenelle, exibido no dia 13 de setembro, que já conta com mais de 26 mil visualizações, o presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Dr. Wuilker Knoner, levou muitas novidades sobre inovações no tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas, com destaque para a depressão. O tema do episódio, “A cura para ansiedade e outras doenças psicológicas”, chamou a atenção dos seguidores de Antônia, e teve grande participação ao vivo e pelo chat. O neurocirurgião revelou como os avanços tecnológicos no uso de eletrodos cerebrais estão transformando a vida de pacientes que sofrem de transtornos como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), e epilepsia.

Dr. Wuilker Knoner explicou como os eletrodos, inicialmente desenvolvidos para tratar epilepsia, estão sendo utilizados para regular circuitos neurais, oferecendo esperança a pacientes com depressão resistente aos tratamentos convencionais. “Através de circuitos controlados, é possível regular o nosso ‘computador interno’, que é o cérebro. Isso está abrindo novas possibilidades para o controle de doenças que, até então, dependiam exclusivamente de medicamentos,” destacou o neurocirurgião.

Uma das principais inovações discutidas por Dr. Wuilker foi o uso de eletrodos cerebrais para regular distúrbios do humor, como a depressão. “Historicamente, os medicamentos foram o principal tratamento para doenças psiquiátricas, mas a ciência evoluiu muito nos últimos anos. Agora, além da química dos remédios, podemos usar a física, interferindo diretamente nos circuitos elétricos cerebrais,” afirmou.

O médico ressaltou que, assim como os eletrodos cerebrais já revolucionaram o tratamento de doenças como Parkinson e dor crônica, eles estão mostrando promissores resultados no controle da depressão. “Vimos que pacientes com epilepsia, ao serem tratados com esses eletrodos, também apresentavam melhora em quadros de depressão. Isso nos levou a desenvolver uma nova abordagem focada em doenças psiquiátricas,” disse ele.

Apesar do entusiasmo em torno da tecnologia, Dr. Wuilker foi cauteloso ao falar sobre os desafios que ainda existem no uso dos eletrodos cerebrais para tratar doenças psiquiátricas. “É uma ciência nova, que ainda precisa de amadurecimento e refinamento. Contudo, a expectativa é positiva, assim como aconteceu com os pacientes de Parkinson que, após o uso desses eletrodos, recuperaram totalmente o controle motor e a qualidade de vida,” afirmou o neurocirurgião.

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Sobre os riscos do procedimento, o especialista explicou que há monitoramento rigoroso para minimizar efeitos colaterais e que a seleção dos pacientes é feita com muito critério. “Pacientes com depressão resistente ao tratamento medicamentoso ou com TOC severo podem se beneficiar dessa técnica. Contudo, é fundamental avaliar cada caso de forma individualizada.” Em relação a melhora, o médico afirmou, que pode ser percebida a partir de três a seis meses do início do tratamento, e que em média, 50 a 70% dos pacientes correspondem ao tratamento.

Durante a entrevista, Dr. Wuilker também alertou para o crescimento exponencial dos casos de depressão em todo o mundo. “Estudos indicam que, em 2030, a depressão será a doença mais prevalente do planeta, ultrapassando até mesmo problemas cardiovasculares,” disse ele. Ele destacou o impacto da pandemia de COVID-19 nesse cenário, que acelerou o aumento de transtornos de humor em várias partes do mundo.

A conversa também tocou em aspectos fundamentais para a saúde mental, como alimentação e estilo de vida. “A depressão é uma doença multifatorial. A alimentação desequilibrada, com excesso de açúcar e inflamações causadas por intolerâncias alimentares, pode influenciar no desenvolvimento e agravamento dos sintomas,” explicou o médico. Ele enfatizou a importância de um estilo de vida saudável, com boa alimentação, exercícios físicos e controle do estresse para prevenir e auxiliar no tratamento de doenças psiquiátricas.

Embora tenha ressaltado que a palavra “cura” ainda não se aplica a muitas doenças mentais, como depressão, Dr. Wuilker destacou a importância de se falar em “controle”. “O que podemos fazer hoje é controlar a doença. Mesmo aqueles que se recuperam podem ter recaídas após anos. Por isso, falamos em tratamento contínuo,” explicou.

“A tecnologia está nos ajudando a melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas o apoio familiar, o cuidado com a saúde mental e a busca por uma vida equilibrada são peças-chave nesse processo”, finalizou Dr. Wuilker Knoner.

Fonte: Últimas Notícias – Jornal de Brasília

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