O homem cuja missão é falar da morte


Tom Almeida criou o movimento inFinito depois de enfrentar a perda de três entes queridos Tom Almeida, idealizador da plataforma infinito, voltada para a discussão da morte
Divulgação/Bruno Martin
Num intervalo de tempo relativamente curto, Tom Almeida perdeu a mãe, um primo querido e o pai. E essas mortes mudaram sua vida. “A gente começa a morrer quando nasce e não há nada mais natural no ciclo da vida. No entanto, o assunto ainda é um tabu”, diz. Ele lembra que, quando a mãe faleceu, há seis anos, sentiu-se impotente diante do que chamou de “pacote médico-hospitalar”: “não tive a chance de intervir e descobri que precisava abrir espaço para essa conversa. A despedida do meu pai, há dois anos, foi totalmente diferente, permeada por muito afeto”.
Tom, que está com 50 anos, também havia acompanhado a luta de um primo contra o câncer e decidiu que estava na hora de dar forma às suas inquietações. Foi assim que surgiu o inFinito, movimento que articula diversas ações relacionadas à discussão da finitude. O “Cineclube da morte” foi criado em 2017 e promove uma sessão mensal sobre o tema, de março a dezembro, tendo como parceira no debate a médica Ana Claudia Quintana Arantes, autora do livro “A morte é um dia que vale a pena viver”. A iniciativa foi adotada em Salvador, ano passado, e sua implementação está a caminho em Belo Horizonte, Curitiba e Fortaleza. “A arte ajuda muito nessa conversa”, avalia.
Há um festival que vai para sua terceira edição em agosto, em São Paulo, cujo mote é “conversas sinceras sobre viver e morrer”. “A morte no jantar” é sua ação mais recente. Criado pelo norte-americano Michael Hebb com o nome de “Death over dinner”, este é, como o nome diz, um jantar no qual o tema central é a forma como gostaríamos de viver nossos últimos momentos. Já existe em 30 países e estima-se que 100 mil pessoas participaram dos eventos. De acordo com o vídeo do site de Hebb, 75% das pessoas prefeririam morrer em casa, mas apenas 25% realizam essa vontade. Tom o procurou e fez uma versão brasileira para o roteiro desse encontro – que inclui textos a serem lidos e filmes a serem vistos. Qualquer interessado pode fazer a reunião em sua casa, mas Tom pode ser contatado como facilitador. Além disso, promove tais jantares quinzenalmente e calcula que 800 convidados experimentaram essa refeição especial.
No fim de março, ele organizará um retiro em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, em São Paulo. “As pessoas querem falar disso, nesses eventos e encontros há de alunos de psicologia a pacientes com doenças graves, de enlutados com a perda de um ente querido a idosos que desejam discutir seu fim de vida”, afirma.
Fonte: SAUDE

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