Pesquisa sobre Mers feita com macacos aponta que remédio pode ser útil contra Covid-19

Pesquisa sobre Mers feita com macacos aponta que remédio pode ser útil contra Covid-19


Medicamento remdesevir reduziu gravidade da Mers em macacos Rhesus. ‘Pode ter utilidade para coronavírus relacionados, como o novo coronavírus 2019-nCoV’, indicam autores. Macacos-rhesus como este da foto foram usados em pesquisa sobre a Mers
J.M.Garg / Creative Commons
Um estudo publicado no periódico “Proceedings” da Academia de Ciências dos Estados Unidos aponta que o remédio remdesevir pode vir a ter utilidade no combate ao coronavírus 2019-nCov, que está causando a epidemia de Covid-19 com epicentro em Wuhan na China e já matou mais de 2.500 pessoas.
A pesquisa liderada por cientistas do Laboratório de Virologia dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, foi feita inoculando 18 macacos Rhesus com o vírus MERS-Cov, causador da síndrome respiratória do Oriente médio (Mers) — e também da família coronavírus — e administrando o remdesevir antes ou depois da contaminação para monitorar seus efeitos.
“O remdesivir reduziu a gravidade da doença, a replicação do vírus e os danos nos pulmões quando administrados antes ou depois de os animais serem infectados com MERS-CoV”, afirma o estudo.
“Nossos dados mostram que o remdesivir é um tratamento antiviral promissor contra a Mers que pode ser considerado para implementação em testes clínicos. Também pode ter utilidade para coronavírus relacionados, como o novo coronavírus 2019-nCoV emergente de Wuhan, China”, concluem os pesquisadores.
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O estudo da “Proceedings” foi publicado em 13 de fevereiro. Também este mês, cientistas de Wuhan publicaram na revista “Nature” resultados de testes com o remdesevir e a cloriquina contra o novo coronavírus 2019 n-CoV.
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Essa pesquisa chinesa testou cinco medicamentos usados contra dois integrantes da família coronavírus que causaram epidemias neste século, a Sars e o Mers. As hipóteses de acerto giravam em torno das características repetidas entre os vírus: um outro artigo apontou uma semelhança genética de 79,5% entre a Sars e o 2019 n-CoV.
Após os testes, a cloriquina conseguiu barrar a nova doença em laboratório. O antiviral existe no mercado há mais de 70 anos e é utilizado contra a malária e doenças autoimunes. Ele tem um baixo custo e uma segurança em humanos garantida. O remédio também tem uma capacidade de atuar no sistema imunológico, o que aumenta a eficiência contra a infecção.
Remdesivir
O remdesivir, um antiviral de espectro amplo, também se mostrou viável contra o novo coronavírus na pesquisa chinesa. É um medicamento desenvolvido pela farmacêutica “Gilead Sciences”, dos Estados Unidos que está em testes clínicos para o tratamento contra o ebola, que atinge a República Democrática do Congo desde o ano passado. Também é usado em pesquisas contra o vírus Nipah, que causou um surto em 1998 na Malásia, com 105 mortes.
Estudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA apontam eficiência do Remdesivir também contra o vírus Ripah
National Institute of Allergy and Infectious Diseases/NIH
O vírus ebola e o novo coronavírus são vírus RNA, com material genético em uma única fita. Eles têm outro aspecto em comum: o período de incubação mais curto, de 2 a 20 dias e de 2 a 14 dias, respectivamente.
De acordo com o infectologista Esper Kallas, da Universidade de São Paulo (USP), ter um período de incubação mais curto é uma característica geral dos vírus RNA. A Hepatite B, por exemplo, tem como estrutura genética o DNA e 5 a 6 meses de incubação, um tempo até 12 vezes maior.
Os cientistas Manli Wang, Ruiyuan Cao, Leike Zhang e Xinglou Yang, autores do estudo, também dizem que resultados preliminares com o remdesivir mostram eficiência contra o novo coronavírus em células humanas testadas em laboratório.
Raio X do novo coronavírus
Amanda Paes e Cido Gonçalves/Arte G1
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Fonte: SAUDE

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