Biodança, um movimento pela vida


Enfermeira utiliza prática com idosos e crianças Biodança ajuda idosos a trabalhar os movimentos
Sorriso largo e acolhedor, Neiva Mendes explica como a biodança entrou em sua vida. Formada em enfermaria pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), ela não se conformava com a dureza da rotina hospitalar. “Sou rebelde, não conseguiria trabalhar num hospital seguindo as regras estabelecidas. No internato do último ano do curso, antes de sair, eu passava pelos leitos com uma jarra de água para os pacientes. Naqueles momentos dessa pequena troca, eles me contavam de dores que não tinham relatado, de pesares como a tristeza por causa de um filho que não aparecia para as visitas”, relembra.
Neiva Mendes, enfermeira e professora de biodança
Mariza Tavares
Essa angústia sobre como trazer aconchego e empatia para o trabalho de enfermagem a levou a fazer três pós-graduações, em fitoterapia; geriatria e gerontologia; e educação biocêntrica. A formação em biodança, curso com duração de três anos, foi uma consequência natural para quem buscava um leque de opções mais abrangente para cuidar das pessoas.
“A visão biocêntrica põe a vida no centro, e não o homem. Portanto, tudo o que é vivo tem o mesmo valor e deve ser respeitado e preservado”, comenta. Esses são os ensinamentos do psicólogo e antropólogo chileno Rolando Toro, que criou a técnica na década de 1970. Neiva trabalha com crianças e idosos e não se cansa de testemunhar os benefícios da prática: “ela traz homeostase, equilíbrio. Utilizamos música, canto e movimento, o contato com os outros e consigo mesmo”.
A sessão sempre começa com os participantes sentados num círculo, falando sobre o encontro anterior: o que cada um sentiu, como foi tocado pela experiência. Ali já se estabelece uma conexão. “Acende uma centelha, porque o ambiente fica enriquecido de afeto. Em vez de buscar o racional, a biodança faz com que primeiro a pessoa sinta, para depois modificar o cognitivo. Isso é muito importante para os idosos, que trazem um repertório próprio e conceitos arraigados. No entanto, ao experimentar novas sensações, conseguem expandir sua vivência”, afirma.
A professora apresenta a forma ideal de execução dos movimentos, mas cada um realiza a prática dentro de suas possibilidades. O objetivo é resgatar a base motora, a sincronização rítmica e a mobilidade, mas, principalmente, estimular vitalidade e afetividade, ou seja, os laços com a vida. “Também convido o cuidador e o familiar a participarem desse grande círculo de afeto”, diz Neiva.
Em sua trajetória, a relação com a avó, que viveu até os 96 anos, foi determinante para suas escolhas. Neiva ainda cuidou da babá da mãe até os 86 anos e conversa todos os dias por telefone com a tia Mira, professora aposentada de 83 anos que mora em Salvador. Seu maior desejo? “Que a biodança faça parte da grade curricular de todos os profissionais de saúde”, responde de pronto.
Convite: no dia 7 de março, às 9h, haverá uma aula aberta e gratuita de biodança no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Neiva convida todos que estejam por perto e queiram participar.
Fonte: SAUDE

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