BC altera regras do compulsório e injeta R$ 135 bilhões na economia a partir de março

Mudança nos compulsórios do indicador de liquidez de curto prazo liberam outros R$ 86 bilhões no início do próximo mês. O Banco Central (BC) anunciou nesta quinta-feira (20) alterações nas regras dos chamados depósitos compulsórios – recursos que as instituições financeiras têm de depositar no BC para que a quantidade de recursos no mercado seja controlada.
A autoridade monetária informou que as medidas têm o potencial de injetar R$ 135 bilhões no mercado a partir de março, quando as mudanças começam a valer.
A primeira ação anunciada é a redução da alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo de 31% para 25%, com validade a partir de 16 de março.
A medida representa uma liberação de R$ 49 bilhões na economia e faz parte da Agenda BC#, no pilar competitividade, no âmbito da ação “redução estrutural dos recolhimentos compulsórios”.
Outra ação do BC, com validade a partir de 2 de março, é o aumento da parcela dos recolhimentos compulsórios considerados no LCR (Indicador de Liquidez de Curto Prazo).
O aumento significará uma redução estimada em outros R$ 86 bilhões na necessidade de as instituições carregarem outros ativos líquidos de alta qualidade (High Quality Liquid Assets – HQLA) necessários para o cumprimento do LCR.
“Essa medida vai na direção de reduzir a sobreposição entre estes instrumentos”, informou.
Por conta dessas duas ações, acrescentou o Banco Central, o percentual de cada nova captação de depósito que a instituição financeira deve direcionar para o cumprimento desses requisitos regulatórios deve se reduzir em média em 8,5 pontos percentuais.
O BC ressaltou que, em sua análise, as medidas são “consistentes com as regras prudenciais internacionalmente recomendadas” e a “manutenção da estabilidade financeira do sistema financeiro nacional, apenas mitigando sobreposições entre os instrumentos”.
“Não obstante a alteração e o constante acompanhamento dos efeitos da regulação na estabilidade e na eficiência do sistema financeiro nacional para a sociedade, o BC reforça a necessidade de avançar na operacionalização das Linhas Financeiras de Liquidez para se alcançar níveis estruturalmente mais baixos de compulsório”, acrescentou.
Explicação
De acordo com o BC, a crise financeira de 2008, que teve início com o anúncio de concordata do Lehman Brothers, “evidenciou que o risco de liquidez, notadamente nos sistemas financeiros das economias avançadas, não estava devidamente mitigado”.
“Como aperfeiçoamento das regras prudenciais, foi introduzido o indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR), que passou a ser adotado no Brasil em outubro de 2015”, explicou o BC.
O LCR, explicou o BC, “determina que as instituições devem manter uma reserva mínima de ativos líquidos para absorverem choques em cenários de estresse de liquidez”. 
De acordo com a instituição, os recolhimentos compulsórios, por sua vez, “podem servir como mecanismo de incentivo à redistribuição de liquidez no sistema e de suporte à estabilidade financeira, como ocorreu ao longo da última década”.
Fonte: ECONOMIA

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