Em meio a confusão e indefinição dos adversários, Trump se autodeclara vencedor das primárias democratas em Iowa

Em meio a confusão e indefinição dos adversários, Trump se autodeclara vencedor das primárias democratas em Iowa


Primeira votação para definir candidato que deve competir contra republicano acabou sem resultados por falha do sistema do partido e se converteu em anticlímax para pré-candidatos. Na corrida pela reeleição, Trump enfrentará um dos 11 possíveis desafiantes democratas nas urnas em novembro
Getty Images via BBC
A confusão na apuração dos votos da primeira rodada das primárias democratas em Iowa levou o presidente americano Donald Trump, republicano que tentará a reeleição em novembro, a se autodeclarar o vencedor da disputa entre os opositores.
“A única pessoa que pode reivindicar uma grande vitória em Iowa na noite passada é ‘Trump'”, tuitou o presidente americano na manhã desta terça-feira, 4/2, quando o atraso na divulgação dos resultados já somava mais de 8 horas.
De acordo com os democratas, o problema aconteceu na hora de contabilizar os apoios em um software adotado pelo partido. Nas redes sociais, uma séries de representantes democratas afirmava não ser capaz de manejar o sistema.
Chamado de caucus, o sistema eleitoral das primárias em Iowa já é complexo de saída: primeiro, cada eleitor aponta seu candidato preferido. Computadas as preferências, todos os pré-candidatos que receberam menos de 15% dos votos são eliminados da disputa e seus eleitores são convidados a votar mais uma vez, escolhendo algum dos pré-candidatos remanescentes.
E assim o processo se repete até que não haja mais nenhum postulante com menos de 15% dos votos. O número de delegados — representantes do partido com direito a voto na convenção nacional em julho — é dividido proporcionalmente entre os vencedores.
Os democratas afirmaram ter encontrado “inconsistências” nas diferentes etapas de votação da primária ontem. E passaram a conferir os resultados mostrados pelo sistema com fotos e anotações manuais de cada local de votação. Ainda na noite de ontem, em nota, eles informaram que não havia ataque de hackers. Dentro das hostes democratas, a acusação foi de que o partido falhou em desenvolver e testar seu sistema de dados.
“Aposto até meu último dólar que o aplicativo usado em Iowa e que falhou não foi desenvolvido internamente e é um aplicativo da web projetado para economizar custos e executar em uma ampla variedade de dispositivos. Também aposto que não há um servidor de back-end real e que ele usa algo como planilhas de Google docs para gerar relatórios”, afirmou a especialista em segurança digital e desenvolvedora de softwares Brianna Wu, candidata democrata à Câmara dos Deputados por Massachussets.
O caos tecnológico provocou um forte anticlímax entre os democratas. O resultado obtido em Iowa, apenas o trigésimo PIB entre os Estados americanos, não define ainda a indicação democrata, mas é considerado simbólico sobre quem deverá sagrar-se candidato.
“É verdade que, desde 2000, o vencedor em Iowa se tornou o candidato nomeado em 100% das vezes. Este ano é um pouco incomum, no entanto, porque há muito mais postulantes do que vimos nas últimas décadas”, argumenta Samara Klar, professora da Escola de Governo e Política Pública da Universidade do Arizona.
A profusão de pré-candidatos — são ao menos oito competitivos — se deve ao fato de que os democratas ainda não conseguiram concluir qual esquerda tem mais chances de bater Trump: aquela mais moderada, não disruptiva e até por isso menos empolgante, ou aquela mais progressista e radical, que promete transformações profundas na sociedade americana e por isso assusta e afugenta eleitores mesmo na base democrata.
De um lado, estão postulantes antiestablishment, o senador por Vermont e autodenominado socialista Bernie Sanders e a senadora de Massachussets Elizabeth Warren, conhecida por suas posturas anti-Wall Street. De outro, candidatos alinhados com a tradição moderada da legenda, como o ex-vice-presidente Joe Biden, o bilionário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, o veterano do Afeganistão e ex-prefeito no estado de Indiana Pete Buttigieg, e a senadora por Minnesota Amy Klobuchar.
“No geral, o que estamos vendo se desenrolar em Iowa é uma luta pela alma do Partido Democrata”, resume o cientista político Thomas Whalen, da Universidade de Boston.
Em meio à falta de um veredito sobre a disputa em Iowa, os pré-candidatos se dividiram entre se autoproclamar vencedores ou líderes — como fizeram Buttigieg, Klobuchar e Sanders — ou dar por encerrada a etapa e partir para a próxima quando as primeiras notícias de desempenho não soavam auspiciosas, como fez Joe Biden.
Espera-se que até o final do dia haja uma definição sobre o resultado dos democratas. Até lá, no entanto, seu rival a bater, Trump, já terá capitalizado o mau momento dos adversários.
“O caucus democrata é um desastre absoluto. Nada funciona, assim como quando eles administravam o país”, comemorou Trump, que ainda essa semana deve ser inocentado no processo de impeachment a que responde desde o fim do ano passado no Congresso.
Fonte: MUNDO

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