Novo coronavírus pode ter vindo de morcegos, indica pesquisa

Novo coronavírus pode ter vindo de morcegos, indica pesquisa


Pesquisa anterior apontou que origem pode ter sido uma espécie local de cobra. Coronavírus mata 170 pessoas na China
Uma análise genética do novo coronavírus – que até esta quinta-feira (30) matou 170 pessoas na China e infectou mais de 7,7 mil –, indicou que o 2019-nCoV apresenta similaridade ao vírus Sars derivado de morcegos. O estudo foi publicado na revista científica The Lancet nesta quarta-feira (29).
Destaques do surto nesta quinta:
170 mortes na China
7,7 mil casos espalhados por toda a China
Outros 18 países têm mais de 70 pacientes infectados
OMS faz reunião para decidir sobre emergência global
Rússia fecha fronteira com China
9 casos suspeitos no Brasil até 12h de quarta (29)
Aumentam as suspensões de voos para a China
Testes da vacina devem começar em junho
Pesquisas em andamento
A pesquisa que relaciona o novo coronavírus a animais selvagens. Um outro estudo, publicado na quarta-feira (22) no “Journal of Medical Virology”, indica que o novo coronavírus pode ter vindo de cobras.
A pesquisa publicada na The Lancet compara os dois tipos de vírus – 2019-nCoV e Sars – porque eles fazem parte da mesma família, a “coronavírus”, que recebe este nome devido ao formato de coroa. A sigla Sars vem de Síndrome Respiratória Aguda Grave, epidemia que matou 774 dos 8.098 pacientes infectados entre 2002 e 2003. Os dois vírus também têm semelhanças com a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês) que matou 858 dos 2.494 pacientes identificados, em 2012.
“Embora nossa análise filogenética sugira que os morcegos possam ser o hospedeiro original desse vírus, um animal vendido no mercado de frutos do mar em Wuhan pode representar um hospedeiro intermediário, facilitando o surgimento do vírus em humanos”, afirmam os autores.
Os pesquisadores não apontam possíveis animais intermediários. Eles alertam que é necessário ficar a atento a possíveis mutações no vírus, na medida em que contamina mais pessoas.
O coronavírus é uma família de vírus que pode infectar seres humanos e muitas espécies animais diferentes, incluindo suínos, bovinos, cavalos, camelos, gatos, cães, roedores, pássaros, morcegos, coelhos, furões, roedores, cobras e outros animais selvagens.
Análise genética
A análise do 2019-nCoV foi feita com base em 10 sequenciamentos de genoma de pacientes de Wuhan, cidade epicentro da doença. Foram feitos oito genomas completos e dois parciais.
Os autores do estudo afirmam que os dados apontam similaridade de 98 a 99% entre as amostras, o que sugere uma mesma origem da infecção.
Oito dos nove afirmaram que estiveram no mercado de frutos do mar Huanan, apontado como possível local onde as primeiras contaminações ocorreram. O outro paciente disse que nunca esteve no local, mas se hospedou em um hotel na região.
“É impressionante que as sequências de 2019-nCoV descritas, vindas de diferentes pacientes, sejam quase idênticas. Essa descoberta sugere que o 2019-nCoV se originou de uma fonte em um período muito curto e foi detectado relativamente rápido” – Weifeng Shi, professor do laboratório de etiologia e epidemiologia de doenças infecciosas emergentes na universidade de Shandong, um dos autores do estudo.
Para fazer a análise do genoma do coronavírus, os pesquisadores estudaram amostras de células dos pulmões e de secreções de nove pacientes internados em Wuhan.
Depois, compararam os dados a uma biblioteca de vírus e descobriram simularidades entre o 2019-nCoV e dois coronavírus parecidos com Sars vindo de morcego – conhecidos cientificamente como “bat-SL-CoVZC45” e “bat-SL-CoVZXC21”. Estas amostras são 88% compatíveis ao novo vírus.
O estudo aponta que o 2019-nCoV estava geneticamente mais distante do vírus Sars humano (que guarda 79% de semelhança no sequenciamento genético) e do vírus MERS, que tem 50% de semelhança na sequência genética.
A conclusão dos pesquisadores é que é provável que o 2019-nCoV possa ter sido inicialmente hospedado em morcegos e transmitido aos seres humanos através de um animal selvagem ainda desconhecido, vendido no mercado de frutos do mar de Huanan.
“Primeiro, o surto foi relatado pela primeira vez no final de dezembro de 2019, quando a maioria das espécies de morcegos em Wuhan está hibernando. Segundo, nenhum morcego foi vendido ou encontrado no mercado de frutos do mar de Huanan, enquanto muitos animais não aquáticos (incluindo mamíferos) foram. Em terceiro lugar, as semelhanças nas sequências genéticas entre 2019-nCoV e seus parentes próximos bat-SL-CoVZC45 e morcego-SL-CoVZXC21 eram inferiores a 90%, o que significa que esses dois coronavírus derivados de morcegos não são ancestrais diretos de 2019- nCoV. Quarto, tanto na SARS quanto na MERS, os morcegos agiam como reservatório natural, com outro animal agindo como hospedeiro intermediário e com os humanos como hospedeiros terminais”, afirmou Guizhen Wu, do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças.
Ciclo do novo coronavírus – transmissão e sintomas
Aparecido Gonçalves/Arte G1
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Fonte: SAUDE

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