Estado dos EUA debate lei que pune com prisão médicos que tratarem adolescentes transexuais

Estado dos EUA debate lei que pune com prisão médicos que tratarem adolescentes transexuais


Câmara de Dakota do Sul aprovou lei que prevê cadeia para médicos que derem bloqueadores de hormônios para crianças e adolescentes; medida ainda precisa ser aprovada no Senado estadual e pelo governador. Imagem da bandeira do movimento transgênero
Brendan McDermid/Reuters/Arquivo
Deputados estaduais da Dakota do Sul, estado dos EUA, aprovaram na quarta-feira (29) uma lei que prevê cadeia para médicos que derem medicamentos bloqueadores de hormônios para crianças transgênero.
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A lei que ainda precisa passar pelo Senado estadual, que poderia proibir médicos do estado de prescrever o remédio para qualquer um com menos de 16 anos.
Essas drogas impedem que o corpo produza hormônios que levar à puberdade, e o efeito delas é reversível.
A lei não é unânime. Para seus críticos, os remédios têm uma função crucial ao permitir que as crianças que lidam com a puberdade possam pausar o processo.
“Um dos maiores problemas para essas crianças é a sensação de que quem eles são não combina com seus corpos”, disse a psicóloga Anne Dilenschneider.
“Eles têm um corpo se desenvolvendo de uma forma que causa uma crise. E eles querem que pare”, disse Dilenschneider. Ela avisa que isso pode levar a tendências suicidas.
Há estudos que mostram que jovens trans têm uma taxa de suicídio mais alta que os demais da mesma idade.
Proponentes da lei afirmam que os tratamentos poderiam prejudicar os jovens, que não têm uma compreensão plena dos riscos.
Fred Deutsch, um deputado estadual, descreveu os procedimentos como “atos criminosos contra crianças vulneráveis que são muito jovens para entender o impacto”.
Outras medidas já foram aprovadas, como uma que prevê a cassação da licença de médicos que tratam crianças trans.
Deputados do estado de Missouri debatem um projeto que faria com que os país que permitem esses tratamentos terem que se explicar para um assistente social.
Texas, Georgia e Kentucky também têm propostas para impeder tratamentos de redesignação de gênero para menores.
Acesso a remédios durante a puberdade
Especialistas e pais de crianças trans avisam que essas restrições podem prejudicar os jovens que já estão lidando com desafios da adolescência e disforia de gênero (um conflito entre o sexo biológico de uma pessoa e o gênero com o qual ela se identifica).
Um estudo com mais de 20 mil adultos transgêneros publicados neste mês revela que aqueles que tiveram acesso à bloqueadores hormonais na adolescência têm uma tendência menor à tentar se matar quando já são mais velhos, acima de 30 anos.
Rob, que não quer ter seu nome inteiro revelado, é um cidadão de Dakota do Sul que é pai de uma adolescente de 14 anos que toma bloqueadores de hormônio há um ano.
Ele disse que os bloqueadores do hormônio da puberdade fizeram toda a diferença para sua criança, que chegou a se autoinfligir fisicamente antes de tomar os remédios.
“Ela mudou como pessoa, voltou a ser amigável e gostar de se divertir”, diz Rob, que se classifica como “100% republicano”, mas disse estar decepcionado com políticos que tentam impedir que sua filha tenha acesso aos medicamentos.
“Eu não acho que o governo tem o direito de interferir e ditar o que uma pessoa pode fazer com seu próprio corpo, eles não estão protegendo ninguém.”
A proibição foi aprovada por 46 votos favoráveis e 23 contrários. Depois de passar pelo Senado estadual, ainda será encaminhada ao governador, que tem poder de veto.
Fonte: MUNDO

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