Indústria de calçados de Franca fecha 2019 com baixa histórica em produção e nível de emprego

Indústria de calçados de Franca fecha 2019 com baixa histórica em produção e nível de emprego


Fábricas encerraram com 14,4 mil empregados efetivos e 24 milhões de pares produzidos, o pior resultado em duas décadas. Setor espera retomada em 2020 com pacote de redução tributária. “As vendas realmente vão melhorar a partir do momento em que vigorar o decreto do governo estadual de redução do ICMS”, afirmao.
Produção de calçados em Franca (SP)
Reprodução/EPTV
Com 14,4 mil empregados e uma produção de 24 milhões de pares, a indústria calçadista de Franca (SP) encerrou 2019 com uma baixa histórica nos números, os piores em duas décadas.
O relatório recém-divulgado pelo Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca) evidencia que, apesar da expectativa de retomada da economia, 2019 ainda foi um ano de retração para um dos principais polos fabricantes de sapatos do país, responsável pela geração de 44% dos empregos do segmento no estado de São Paulo.
“Chegou a um ponto em que a situação, para reverter, vai levar anos. Costumo dizer que parou de piorar a partir de janeiro de 2019, na esperança de que um novo presidente, um novo Congresso e novos governadores iriam tomar providências”, afirma José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca.
Em relação a 2018, quando o segmento também fechava com a maior queda dos últimos anos, a baixa no número de empregados em atuação em dezembro foi de 3,6% e representa o pior resultado na série histórica desde 2000.
Em relação ao final de 2013, melhor ano na história recente da indústria, a redução é de 8,4 mil postos com carteira assinada.
O relatório mostra ainda que o ritmo de demissões caiu 89,9%, de 2.139 vagas fechadas em 2018 para 215 em 2019. Mas Brigagão mais atribui o decréscimo à necessidade de manutenção de equipes em patamares mínimos do que a uma retenção de vagas provocada por maior demanda de produção.
“Demitiu menos porque vem caindo o número de funcionários. Não é possível zerar o número de funcionários. Chegou ao fundo do tacho. Não dá mais pra demitir pra perder equipe”, afirma.
Dentro desse contexto, ele analisa que muitos demitidos abriram micro e pequenas empresas para atuar como terceirizados.
“O funcionário demitido fica na expectativa para poder voltar a trabalhar no setor de calçados e isso não aconteceu durante esses anos e o que ele fez: procurou sobrevivência, procurou aquilo que era possível fazer.”
Presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto
Igor do Vale/G1
Produção e exportação
Acompanhando a baixa da mão de obra, o total de calçados fabricados em 2019, de 24 milhões de pares, caiu 10,4% na comparação com o período anterior e atingiu o menor patamar desde 1996. Há seis anos, essa produção chegou a 39,5 milhões de pares.
Contando com o mercado interno como o responsável pela movimentação dos negócios, o setor sentiu uma pequena recuperação nas exportações na ordem de 1,64%, com um faturamento de US$ 68,4 milhões.
Incremento interpretado por Brigagão como um efeito pontual da busca por diferentes compradores internacionais, mas não como um crescimento efetivo.
“Isso é diversificação de mercados. Em vez de ficar só em China e EUA viemos, no decorrer dos anos, aumentando essas vendas na América Latina e outros mercados.”
O número também tem influência da menor participação de países importantes como a Argentina, em crise econômica. “A Argentina chegou a ser a segunda maior importadora, agora com essa situação que está lá não sei o que vai acontecer”, diz.
Retomada
Para 2020, a expectativa dos fabricantes é de que haja uma retomada na produção e nas contratações. A alta de 4,4% no volume de negócios das empresas de Franca (SP) na Couromoda, uma das maiores feiras do país no setor calçadista, é um primeiro indicativo dessa tendência
Na última edição em janeiro, as 19 fábricas participantes fecharam R$ 5,984 milhões em pedidos, inclusive encomendas para Bolívia, Chile, Costa Rica, Guatemala, Equador e Martinica. “A Couromoda é o termômetro do início do ano. É um sinal positivo, apesar de ter sido pequeno”, analisa Brigagão.
Um dos principais motivos para esse otimismo também está na recente aprovação de uma redução de 50% no ICMS cobrado da indústria calçadista, válido a partir de março, entre outras medidas em estudo, que também devem passar por mais incentivos à inovação e à qualificação profissional.
“As vendas realmente vão melhorar a partir do momento em que vigorar o decreto do governo estadual de redução do ICMS”, afirma o presidente do Sindifranca.
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Fonte: ECONOMIA

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