Vendas do Tesouro Direto somam R$ 30 bi em 2019 e batem recorde, mas resgates foram maiores ainda

Em um ano marcado pela queda dos juros, os resgates de títulos públicos também bateram recorde, somando R$ 30,915 bilhões, ultrapassando as emissões. A venda de títulos públicos por meio do Tesouro Direto registrou aumento de 72% no ano passado, para R$ 30,882 bilhões, informou nesta segunda-feira (27) o governo federal.
O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 e permite a pessoas físicas a compra de títulos públicos pela internet, por meio de bancos e corretoras. Com esse volume, as vendas bateram recorde no ano passado.
Em um ano marcado pela queda dos juros básicos da economia, os resgates antecipados de títulos públicos, pelo governo, também foram altos. Eles totalizaram R$ 21,324 bilhões, e se somaram aos vencimentos (prazo normal do papel) de R$ 9,591 bilhões. Com isso, os resgates totais foram de R$ 30,915 bilhões em 2019.
De acordo com explicações de analistas, a venda de títulos públicos pelos investidores no último ano pode estar relacionada com o fato de que os juros básicos da economia recuaram no último ano, atingindo a mínima histórica de 4,5% ao ano em dezembro.
Isso faz com que os títulos comprados antes da queda, pelas pessoas físicas, valessem mais. Ao vender esses papéis, os investidores embolsaram lucros. O G1 entrou em contato com a Secretaria do Tesouro Nacional, mas a instituição não comentou, até a última atualização dessa reportagem, o resultado do programa no ano passado.
2,2 milhões de investidores cadastrados em 2019
De acordo com o Tesouro Nacional, 2,513 milhões de novos investidores se cadastraram no programa em todo ano passado.
Com isso, o número total de pessoas cadastradas passou de 3,374 milhões, no fim de 2018, para 5,626 milhões no fechamento do ano passado – um aumento de 80,7%.
“O número de investidores ativos chegou a 1.201.181, uma variação de 52,8% nos últimos doze meses. No mês, o acréscimo foi de 28.410 novos investidores ativos”, acrescentou a instituição.
Volume total de aplicações
Mesmo com o resgate de recursos do Tesouro Direto em 2019, o saldo total (estoque) de títulos em mercado alcançou o montante de R$ 59,645 bilhões no fim do ano passado, uma alta de 9,98% sobre dezembro de 2018 (R$ 54,23 bilhões).
“Os títulos remunerados por índices de preços [inflação] respondem pelo maior volume no estoque, alcançando 48,5%. Na sequência, aparecem os títulos indexados à taxa Selic, com participação de 33,3% e, por fim, os títulos prefixados, com 18,2%”, informou o Tesouro Nacional.
Renda fixa em baixa
Apesar do recorde registrado com a venda de títulos públicos por meio do Tesouro Direto no ano passado, analistas avaliam que os investimentos em renda fixa vêm perdendo atratividade nos últimos meses.
Isso está relacionado com a queda dos juros básicos da economia, que atingiram a mínima histórica de 4,5% ao ano em dezembro ano passado.
Com o atual patamar da taxa Selic, por exemplo, a remuneração da poupança está hoje em 3,15% ao ano, mais Taxa Referencial. Com isso, a aplicação da poupança perdeu para a inflação em 2019 e a expectativa é que isso ocorra novamente neste ano.
Uma alternativa para os investidores conseguirem uma remuneração mais alta é a renda variável, ou seja, a bolsa de valores. Nesse caso, porém, o risco assumido é maior, pois pode haver perda de recursos.
A bolsa foi a aplicação financeira que apresentou o maior retorno em 2019, superando até mesmo o investimento em ouro.
Fonte: ECONOMIA

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