Especialistas explicam papel de Joseph Goebbels, citado por secretário nacional de Cultura, para manutenção do nazismo

Ministro da Propaganda de Hitler teve ação fundamental para a ascensão do governo nazista. Entre 1933 e 1945, censurou jornais e incentivou produção de filmes favoráveis ao regime . Secretário da Cultura Roberto Alvim cita frase de Joseph Goebbels em discurso
O secretário especial da Cultura Roberto Alvim, fez um discurso, divulgado nesta quinta-feira (16), semelhante ao do ministro de Adolf Hitler da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels.
Especialistas de história, sociologia e ciência política analisam papel do ministro para a manutenção do regime nazista. Goebbels foi chefe do Ministério da Propaganda da Alemanha entre 1933 e 1945 e um dos idealizadores do nazismo.
“Parece um papel pequeno cuidar apenas da propaganda, mas foi um dos mais importantes para sustentar o nazismo. Seu papel foi criar e propagar a base ideológica que sustentava as ações do Partido Nacional-Socialista, costurar a ideologia do partido com a ação de repressão, dar uma certa coerência simbólica ao que estava acontecendo. E se tornou uma pessoa importante pela fidelidade que demonstrou a Hitler”, explicou a professora de sociologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Heloísa Pait.
Sua história no partido começou antes de assumir o posto no ministério, em 1933. “Foi um dos principais articuladores da ascensão do partido nazista ainda no final dos anos 1920, fazia parte do núcleo duro no pós-guerra”, explicou o sociólogo e professor de ciência política da Unicamp, Wagner Romão. Ele entrou para o partido em 1924 e, dois anos depois, foi escolhido como líder distrital em Berlim.
Goebbels era responsável pela divulgação do regime por meio do incentivo à produção de materiais tanto no campo artístico, com filmes dedicados à ideologia nazista, quanto da propaganda, com entrevistas em rádio, cartazes e organização de manifestações.
“Se Hitler pensou o Holocausto, Goebbels vendeu essa ideia para o restante do país”, diz Jonathan Portela, mestre em história contemporânea pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
“Ele teve essa função de transformar o nazismo em algo que tivesse uma amplitude maior, com a utilização do rádio e a proliferação desse discurso que no fundo visava construir a legitimidade da superioridade de um grupo sobre os demais, justificar, naturalizar a diferença para a submissão de determinados grupos”, explicou Marcos Sorrilha Pinheiro, docente do Departamento de História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Unesp.
Sua gestão também controlava a produção jornalística, por meio da supervisão do trabalho de redações.
“Teve um papel fundamental na manutenção do governo pois uma das grandes inovações do partido nazista foi a capacidade de estabelecer uma verdadeira máquina de propaganda com as massas e de conseguir, a partir da ideia do inimigo interno, construir a força que o partido nazista passou a ter com a população”, explicou Romão.
Segundo os especialistas, Goebbels era um dos patrocinadores de concursos e exposições voltadas à arte “não degenerada”. “Ele praticamente eliminou dos museus e das exposições o impressionismo alemão, tanto no cinema quanto na pintura e nas esculturas e outras expressões que não fossem a clássica”, disse o professor Romão.
Ainda no campo cultural, também organizou as campanhas para queimadas de livros que tivessem ideologia oposta à propagada pelo regime.
Fonte: MUNDO

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